ELEIÇÕES 2026
Renan e Arthur Lira recorrem à família na briga pelo Senado
Olavo e Biu ‘ressuscitam’ para reforçar trajetória profissional dos filhos
Antecipando o calendário eleitoral, o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Arthur Lira (PP) recorrem à árvore genealógica em busca de mais votos na disputa ao Senado. Renan, como se sabe, indo para a reeleição pela quinta vez. E Lira alçando voos da Câmara para o Senado, continuando a trajetória profissional que começou no início dos anos 90 como vereador.
Junto aos produtores rurais, principalmente ligados ao manejo de gado, Renan volta ao ado lembrando do pai, Olavo. Arthur, por sua vez – e direcionado ao mesmo público – também vai na direção do pai, Benedito de Lira, assim como Olavo produtor de gado, mas essencialmente líderes de um clã que atravessa a política eleitoral há mais de 50 anos.
Como a memória de Biu de Lira é mais recente, Arthur também investe nos projetos que ele tinha quando era senador. “O Residencial Parque da Lagoa transformou a vida de centenas de famílias. Meu pai e eu lutamos por anos para tirar esse sonho do papel. Na gestão do prefeito @jhcdopovo, entregamos mais de 1.700 moradias para garantir dignidade a quem vivia às margens da Lagoa Mundaú”, disse Lira, ao citar a construção de casas, com dinheiro federal, à beira da Lagoa Mundaú, destinadas às famílias mais empobrecidas da capital alagoana.
Apesar disso, foi vaiado na entrega de casas. “Eu duvido que um morador que vai ser atendido por essas casas esteja vaiando hoje. Isso é uma falta de respeito”, desabafou em 10/5/2024. O governador Paulo Dantas (MDB) e o presidente Lula (PT) defenderam o então todo-poderoso presidente da Câmara.
“A gente precisa aprender a respeitar quando o ato é institucional. Não tem cor partidária, porque senão fica difícil para um presidente viajar para inaugurar coisas. Porque as pessoas que vêm aqui são convidadas por nós, e ninguém convida gente para sua casa para ser vaiado e maltratado. É uma coisa de comportamento que me incomoda muito”, reagiu Lula.
Renan e Lira estão em lados opostos, mas buscam o mesmo objetivo: mais prestígio junto a Lula que esta semana, no Congresso Nacional do PSB, lançou as bases para 2026 dando um recado: a necessidade de se eleger mais senadores aliados.
No próximo ano, os brasileiros vão escolher 54 senadores, dois por estado. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adianta que o objetivo dele e do Centrão é levar 44. Lula não adiantou números, mas fala em maioria.
“Para o Brasil, tem que pensar onde a gente pode eleger e pegar os melhores quadros e eleger senador, deputado, porque nós precisamos ganhar maioria no Senado. Porque, senão, vão avacalhar com a Suprema Corte”, disse Lula.
É no Senado que existe poder e condições para se encaminhar pedidos de impeachment de ministros do Supremo. Neste cenário traçado por Lula, se a maioria for bolsonarista ou ligada à extrema direita, a possibilidade de retirar ministros do STF a de remota – como hoje – para mais próxima do real.
Apesar de dividirem o voto de prefeitos, Renan e Lira se mantêm em posição de ataque, apesar do atual clima de calmaria entre os dois. Eles dividem o comando da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA); prefeitos do MDB migraram para o MDB sem interferência do deputado; na campanha eleitoral tanto Renan quanto Lira não turbinaram a oposição em Murici e Barra de São Miguel, cada qual celeiro de votos do senador e do deputado.
Lira, como se sabe, deve a Bolsonaro sua eleição ao comando da Câmara e a reeleição também veio graças à recusa de Lula em lançar um aliado com capacidade de desarticular as costuras do parlamentar, responsável pelo engavetamento de mais de uma centena de pedidos de impeachment contra Bolsonaro e também devendo ao ex-presidente o crescimento do poder de interferir no orçamento federal e criar emendas secretas destinadas aos municípios, modelo derrubado pelo Supremo Tribunal Federal, mas reabilitado pelo Ministério da Saúde sob o ministro Alexandre Padilha.
Já Renan – que votou pelo impeachment de Dilma Rousseff quando era presidente do Senado – virou ferrenho opositor dos Bolsonaro durante a pandemia, ganhando destaque na relatoria da I da Covid com 80 pedidos de indiciamento, incluindo Bolsonaro. No Governo Lula, os Calheiros receberam o Ministério dos Transportes “de porteira fechada”, ou seja, todas as indicações ando pelo senador licenciado e ministro Renan Filho.