ABORDAGEM POLICIAL

Família de empresário morto por PMs vai à Justiça para inocentar vítima

Versão dos policiais diz que Marcelo Leite portava arma ilegal e parentes contestam
Por Tamara Albuquerque 11/12/2022 - 07:39
A- A+
Instagram
Marcelo Barbosa Leite foi sepultado em Arapiraca sob clima de comoção e revolta
Marcelo Barbosa Leite foi sepultado em Arapiraca sob clima de comoção e revolta

Junto com a dor da partida precoce e violenta, a família do empresário Marcelo Barbosa Leite sofre a espera pela conclusão do inquérito policial que investiga as condições da morte dele para, em seguida, recorrer à Justiça e inocentá-lo de um crime imputado a ele por policiais militares. O empresário, que tinha 31 anos, morreu na semana ada em decorrência dos ferimentos causados por um tiro de fuzil nas costas, disparado durante abordagem policial realizada pelo 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM) na madrugada do dia 14 de novembro, uma segunda-feira, em um trecho da AL-220 em Arapiraca.

Marcelo Leite é acusado pelos policiais por crime de porte ilegal de arma e de ter reagido à abordagem policial apontando para a viatura militar, onde estavam seis policiais, um revólver calibre 38 e com numeração raspada. A família contesta a versão policial e diz que a arma foi plantada para justificar o comportamento de excesso e imprudência dos policiais na abordagem. 

Um dos quatro disparos de fuzil realizados pelos PMs na perseguição ao empresário transou o porta-malas do veículo Hyundai Creta, os bancos e o atingiu nas costas. O sepultamento de Marcelo Leite foi realizado na noite da última terça-feira, 6, sob forte comoção pública e revolta. 

Marcelo Leite tinha aversão por armas, segundo assegura veementemente o advogado da família, Victor Oliveira. “Previamente posso adiantar que a família preza pela honra do Marcelo, se prontificando a auxiliar nas investigações que apuram o crime de porte ilegal de uma arma de fogo que fora supostamente encontrada no carro dele”, afirma o advogado. Ele explica que estão em andamento, simultaneamente, dois inquéritos. 

O primeiro sobre a investigação do crime de porte ilegal de arma de fogo contra Marcelo e o segundo, sobre a investigação da conduta dos policias no caso. “O ponto importante é a constatação da fraude processual (por conta da arma, que a família afirma ter sido plantada), excesso na abordagem policial e consequentemente o homicídio”, esclarece o advogado. 

A família, através da defesa, busca a absolvição de Marcelo Leite por porte ilegal de arma. Consequentemente, sendo ele absolvido pelo crime, entende-se que os policiais plantaram a arma no cenário do crime. Victor Oliveira, que atua no caso com o advogado Leonardo de Moraes, esclarece ainda que, se no segundo inquérito for constatado que a arma foi plantada, “confirma que os policiais agiram de má fé, mudaram a realidade fática, que eles retiraram o veículo do local, que o tiro foi desproporcional ao fato, que houve imperícia ou imprudência, que cabe uma imputação de homicídio doloso e assim sucessivamente”.

A competência de apurar, acusar e punir será do Ministério Público do Estado de Alagoas. Na semana ada, o juiz Rômulo Vasconcelos de Albuquerque atendeu solicitação do Instituto de Criminalística (IC) que pediu a extensão do prazo para ser realizada a reprodução simulada sobre a abordagem policial que feriu mortalmente o empresário. A simulação estava marcada para o dia 6, a última terça-feira. O pedido teve por justificativa a necessidade dos delegados responsáveis pela investigação, de ouvir mais testemunhas e obter versões sobre os fatos. 

O delegado Sidney Tenório, que participa da comissão criada para investigar o caso, informou em entrevista que está colhendo os depoimentos dos seis policiais que participaram da abordagem ao empresário no dia 14 de novembro, quando ocorreu a tragédia.

Leia a matéria na íntegra no Jornal Extra, nas bancas!


Encontrou algum erro? Entre em contato