Menina de 6 anos liga para PM para denunciar agressão contra mãe

Uma menina de seis anos acionou a Polícia Militar por meio do 190 para denunciar as agressões físicas que a mãe, de 42, estava sofrendo do marido, de 46 anos. Na ligação, a filha do casal confunde o endereço em alguns momentos, mas consegue ar informações necessárias para o deslocamento dos agentes, que prenderam o agressor em flagrante.
O caso aconteceu no último sábado, 7, em Bragança Paulista, no interior do Estado de São Paulo. A menina ligou para a Polícia Militar e informou que precisava de uma viatura com urgência porque o pai dela estava agredindo a mãe desde o dia anterior.
"Está pingando sangue aqui", chegou a dizer a criança na ligação. "Eu estou muito nervoso (sic), eu sou só uma criança", lamentou a menina.
O agressor foi identificado como Marcio Augusto Da Costa Silva. Ele foi submetido à audiência de custódia no domingo, 8, e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva, informou o Tribunal de Justiça de São Paulo. A reportagem não havia loalizado a defesa dele até a publicação deste texto.
A garota chega a fazer uma confusão com o endereço, ao dizer que a rua se chamava Bragança Paulista (nome da cidade). Do outro lado da linha, a atendente a corrigiu e comentou que se tratava do município.
A garota, então, pergunta à mãe o endereço de casa; ao fundo, é possível ouvir a vítima tentando demover a garota da ideia de chamar a polícia. "A mãe está bem, não precisa (chamar a polícia)." A criança insiste e pede por cinco vezes o endereço de casa à mãe. Ela chegou a se irritar com a mulher. "Fala a rua, mãe, caramba."
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP) informou que os policiais constataram lesões e sinais de sangue nas vítimas (confirmando o relato da vítima). "A autoridade policial requisitou medidas protetivas de urgência para a mulher", informou o comunicado.
O caso foi registrado como violência doméstica e lesão corporal no plantão da Delegacia Seccional de Bragança Paulista.
Brasil atinge recorde de feminicídios e aumento de estupros
Mapa da Segurança Pública, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta quarta-feira, 11, informou que o Brasil registrou, no ano ado, o maior número de casos de feminicídio da série histórica, que se iniciou em 2020.
O país registrou um total de 1.459 vítimas desse tipo de crime no ano ado, uma média de quatro mortes por dia, em contextos de violência doméstica, familiar ou por menosprezo e discriminação. Os Estados com os maiores índices de aumento foram Piauí (42,86% maior em relação a 2023), Maranhão (38%), Paraná (34,57%) e Amazonas (30,43%).
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski atribuiu o aumento de casos a uma questão estrutural, visto que, mesmo com a queda de índices como o de homicídios, a violência de gênero continua em alta.
"O que posso dizer é que talvez a violência contra a mulher seja algo estrutural. Assim como o racismo estrutural, talvez seja uma característica absolutamente negativa, intolerável, da sociedade brasileira", disse.
Lewandowski afirmou também que o governo federal tem investido em políticas para reduzir os índices de violência e promover o acolhimento às mulheres. Uma das iniciativas citadas foi o programa "Antes que aconteça", voltado para reforçar o envio de recursos para ações de prevenção da violência contra mulher.
Os casos de estupros registrados em 2024 foram os maiores dos últimos cinco anos, aponta o Mapa da Segurança Pública. Foram 83.114 ocorrências do tipo no ano ado, uma média de 227 por dia - 86% das vítimas são do sexo feminino. Nos últimos cinco anos, o crime teve aumento de 25,8%.
A Região Sudeste apresentou uma maior concentração de estupros em números absolutos (29.007). Entretanto, a Região Norte lidera com a maior taxa do País, com 62,44, seguida pelo Centro-Oeste (57,73).