colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O pacote do Haddad e do Congresso: outro ‘me engana que eu gosto

14/06/2025 - 06:00
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O pacote do Haddad e do Congresso: outro ‘me engana que eu gosto” perpetuado pelas autoridades em temas de alta sensibilidade para a nação. Longe de serem uma “evolução”, configuram-se como um artifício para postergar o colapso fiscal, maquiando a inércia em enfrentar a raiz do problema: o descontrole dos gastos públicos. A tão propalada revisão dos gastos tributários é um mero paliativo, um aceno vazio diante da ausência gritante de cortes significativos nas despesas primárias.

O Congresso Nacional, nesse cenário, assume um papel lamentável. Sua postura reflete um “parlamentarismo branco”, onde a prioridade é a manutenção de privilégios sem qualquer compromisso real com a responsabilidade fiscal que não o dos discursos vazios sobre o tema. A recusa em sequer considerar a redução de suas próprias despesas ou a insuficiente revogação de isenções injustificáveis escancara a prevalência de interesses particulares sobre o bem-estar do país. Essa inação irresponsável pavimenta o caminho para um iminente “shutdown” da máquina pública já em 2026, com consequências devastadoras para a sociedade na próxima década.

Tecnicamente falhas e politicamente frágeis, as medidas anunciadas carecem da audácia e da abrangência necessárias. A dependência de receitas incertas e a postergação da efetividade de muitas ações para o futuro demonstra a ausência de uma visão estratégica robusta. O “mínimo” oferecido está dramaticamente aquém do imperativo para reverter a trajetória insustentável da dívida brasileira.

A pressão de setores específicos para manter seus privilégios fiscais é esperada, mas a hesitação do governo e do Congresso em confrontá-los revela uma fragilidade alarmante. A falta de firmeza em revogar isenções fiscais injustificáveis e em racionalizar os gastos tributários perpetua a captura do Estado por lobbies, em detrimento do interesse público.

Em suma, este pacote não é uma solução, mas uma procrastinação deliberada. Ao focar quase exclusivamente no aumento da arrecadação e ignorar a imperativa contenção de gastos, o governo oferece uma perigosa ilusão de ajuste. Enquanto isso, a bomba fiscal continua a inflar, ameaçando o futuro econômico do Brasil com uma iminente e devastadora crise.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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